Existem diversos tipos de bandas, inclusive aquelas que, quando aparecem em um palco, não provocam reações intensas. Ou melhor, corrijo-me: provocam o incômodo e o suspiro coletivo de “ah não, são eles de novo”.
Não é que toquem mal, mas também não são insanamente talentosos. Alguns até são bons músicos, têm aquele equipamento bacana, sabem fazer pose de palco e já tocaram nos festivais mais hypados do país. Estão sempre ali, abrindo os shows internacionais e aparecendo na entrevista corporativa certa.
E, talvez, seja exatamente aí que está o problema porque o marketing é tão insistente, tão programado, tão enfiado goela abaixo, que começa a soar como um ruído e, dependendo do caso, também insulta a inteligência do consumidor. É tipo aquela sensação de que estamos assistindo a um projeto, não a uma banda.
Até porque é como se, em vez de conquistar o público, tentassem vencer no cansaço. Meio aquela coisa de “vocês vão nos amar sim!”, sabe?! E naquela tentativa de aparecer a todo custo, o efeito pode ser o oposto: apatia. Pior ainda: apatia coletiva. E o “marketing de guerrilha” vira um lindo tiro no pé.

A presença constante em palcos gigantes vira símbolo de ausência de conexão real, afinal, como eu nunca ouvi falar deles e eles estão em todas? Realmente, amigos.
Enquanto isso, nas casas pequenas que você não dá bola; nos shows de garagem que você reclama de barulho demais; nas ocupações ou demais eventos culturais, bandas que se movimentam à base do instinto de sobrevivência, naquela urgência do “agora TEM que ir”, seguem invisíveis. Sem um contrato legal, sem produtor, sem o amigo no show, menos ainda algum tipo de patrocinador.
E, muitas vezes, eles estão ali com muito mais verdade e vontade, esperando o pedaço de bife cair no prato pra mostrarem o quão com fome estão.
Na verdade, não se trata necessariamente de uma competição ou daquela romantização de que “o que é desconhecido é SEMPRE muito melhor”, ou “tudo que é difícil é mais legal”, mas vale uma perguntinha: até quando vale o marketing empurrar uma banda como se fosse produto em black friday?
Pra tudo, a autenticidade É tudo – ou pelo menos boa parte. E uma coisa que é preciso aprender pra ontem, é que o “cliente” não é burro. Hoje em dia, mais do que nunca, as pessoas sabem farejar de longe quando aquela faísca de autenticidade (ou aquele “fez por onde”) não está lá e, principalmente, quando foi sufocada por um planejamento insistente e que pouco “fez por onde” pra ganhar a sua simpatia.