Green Day e My Chemical Romance no Brasil: O rock anos 2000 voltou com tudo?

Nas últimas semanas, a vinda do My Chemical Romance ao Brasil mobilizou milhares de fãs ao redor do país na compra por ingressos. A demanda foi tanta, que uma data extra além da primeira foi anunciada e a banda irá fazer duas apresentações em São Paulo, dias 05 e 06 de fevereiro de 2026. Pode ser que os roqueiros mais novos não conheçam, mas essa é uma das bandas mais aguardadas pelo público brasileiro e um dos nomes de maior destaque no gênero dentre as bandas que estiveram no auge entre os anos de 2004 e 2007. As faixas “Helena“, com mais de 200 mil visualizações no Youtube, e “Welcome To The Black Parade“, com mais de 350 mil, comprovam o impacto da banda ao longo do tempo.

Já o Green Day, uma das bandas mais influentes do punk rock moderno, anunciou sua vinda ao Brasil em maio deste ano para shows solo, paralelos ao que ocorrerá no festival The Town, e já esgotou os ingressos para as apresentações, que acontecem no Rio de Janeiro (09. set) e em Curitiba (12.set). Criada em 1987, a banda teve seu auge ainda no final dos anos 90, mas foi em 2004 o lançamento do disco “American Idiot“, que marcou a história do rock até os dias atuais. Este ano o grupo liderado por Billie Joe fez um show histórico no festival Coachella, provando sua potência e conquistando novas gerações de fãs.

A vinda das bandas e o sucesso na venda de ingressos é um cenário que já vem se desenhando nos últimos anos no Brasil, principalmente após o fim da Covid-19 e a retomada dos shows e eventos. A onda de resgate à nostalgia anos 2000, muito comum para os fãs de música pop, chegou também ao rock e ao emo, com festas temáticas, trends de tiktok e a volta de tendências de moda da época. O retorno de bandas como Linkin Park e Oasis, ambos também com shows marcados no Brasil, são marcas dessa fase de resgate cultural na música.

Alguns podem achar que esse movimento ocorre por falta de renovação no cenário, outras, por realmente sentirem saudade de bandas que há muito tempo não estão em atividade ou não aparecem por aqui. Fato é que o mercado musical mundial está sendo bastante movimentado por essa tendência. Não só o mercado mundial, mas o mercado brasileiro também está sendo aquecido por esse “marketing de nostalgia”. E os exemplos são muitos: o retorno de bandas como Forfun, que anunciou seu fim em 2015, mostram que existe um público significativo que está mais interessado em comparecer à shows de bandas “antigas” do que consumir aquilo que é novo. O grupo carioca retornou aos palcos em 2025 para uma série de shows icônicos, esgotando três noites seguidas na Marina da Glória, no Rio de Janeiro. E agora, abrem o festival “Doce Maravilha” com uma apresentação que celebra os 20 anos do disco “Teoria Dinâmica Gastativa”. Além da reconexão com os fãs antigos, esse tipo de evento abre possibilidades para que novas gerações de fãs sejam alcançadas, renovando assim o público desse nicho.

Nessa mesma esteira, a edição deste ano do festival Polifonia, “Emo Vive“, também contou com shows de bandas famosas do emocore anos 2000, como Anberlin, e shows especiais como o da Fresno, que tocou na íntegra o disco “Quarto dos Livros”, lançado em 2023. É inegável que essa tendência veio pra ficar, e cada vez mais, as chances de termos apresentações de bandas que não aparecem no Brasil há tempos só aumentam.

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