Como os festivais movimentam empregos temporários, renda local e oportunidades criativas

Sabe aquele festival que faz uma cidade inteira praticamente parar por dias? Além dos shows e dos ambiente instagramáveis, ele é uma máquina de gerar oportunidades: contrata segurança, som, barracas, limpeza, cozinheiros, produtores, vendedores e, não raramente, uma legião de freelancers. Lógico, isso move dinheiro, cria empregos temporários e acende pequenas carreiras criativas locais. Nessa pauta, a gente conversa sobre como festivais geram trabalho temporário, renda para a cidade e portas abertas para profissionais.

Festivais = picos de emprego temporário (e de renda para o comércio)

Quando um festival chega, vem a pergunta: quem vai montar o palco, vender lanches, operar o som, fazer a filmagem? Pois bem, essas são contratações muitas vezes temporárias ou “sazonais” que ocupam desde vendedores até técnicos de luz e som. Em festivais de grande porte, o impacto econômico pode ser gigante. Por exemplo, o Lollapalooza Brasil 2024 reuniu cerca de 240 mil pessoas em três dias no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Nessa edição, foram gerados 14.346 empregos diretos e indiretos para montar o evento, cuidar da infraestrutura, logística, alimentação, segurança, limpeza, etc. Basicamente, para manter tudo aquilo funcionando.
Em 2025, o festival abriu 500 vagas temporárias para diversas funções (vigilância, controle de acesso, limpeza, auxiliares, etc.), com remuneração diária variando de cerca de R$ 130 a R$ 180, dependendo da função.

Oportunidades criativas que vão do bico ao projeto próprio

FOTOGRAFIA: Danilo Costa – @danilo.costafotografia

Festivais também funcionam como uma mega vitrine para os profissionais criativos. Fotógrafos, designers, cozinheiros de food trucks, produtores e DJs muitas vezes começam com trabalhos muito pontuais, as vezes como um “bico”, e terminam firmando parcerias promissoras ou até mesmo criando serviços próprios (estúdios, marcas de alimentação, coletivos). Em outras palavras: o trabalho sazonal vira portfólio e negócios. Para a “gig economy” criativa, festivais são laboratórios de networking e experiência prática.

Efeito multiplicador na economia local e no turismo

Logicamente, estes impactos não ficam só ali dentro do terreno onde acontece o evento.
O efeito que ele causa é quase em espiral, envolvendo hospedagem, restaurantes, transporte e o comércio local, que também sentem o efeito: vagas de acomodações esgotadas, restaurantes cheios e transporte privado (e público também) aumentam faturamento consideravelmente por dias ou semanas.

Em países com agenda intensa de shows e festivais, o setor de música ao vivo ja registrou movimentações econômicas na casa dos bilhões anuais.

No entanto, trabalho precário e condições, precisam melhorar

Em levantamentos sobre festivais no Reino Unido, por exemplo, foram relatadas jornadas exaustivas e condições de trabalho precárias para parte da equipe terceirizada, um sinal muito claro de que, embora tais festivais gerem vagas, também é preciso fiscalizar e garantir direitos e segurança.

Nem tudo, porém, são flores. Muitos destes trabalhadores temporários e freelancers enfrentam jornadas longas e exaustivas, contratos curtos e condições bem insalubres de trabalho.

Isso nos mostra que gerar emprego temporário não é sinônimo de trabalho. Jornadas longas, falta de direitos e contratos ainda são coisas que marcam a realidade de muitos destes profissionais. No fim das contas, mais uma vez, é a classe trabalhadora que sustenta o espetáculo.

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