O impacto do Hallyu e a fórmula de sucesso do K-pop
Vocais potentes, performances marcantes e coreografias impecáveis: essas são algumas das marcas registradas do K-pop. O fenômeno, parte da onda cultural coreana conhecida como Hallyu, não surgiu por acaso. Com o investimento do governo sul-coreano na exportação de sua cultura, a indústria musical estruturou-se em torno de um modelo de treinamento único, que molda artistas para o sucesso internacional.
Esse método consiste em um sistema rigoroso de formação dentro das agências de entretenimento. Nele, os trainees (aprendizes) passam anos em treinos diários e avaliações constantes, desenvolvendo canto, dança, rap, atuação, idiomas, etiqueta e conhecimento cultural. O resultado é um padrão artístico elevado, que tornou o K-pop sinônimo de excelência e conquistou fãs ao redor do mundo.
Dream Academy: a aposta da HYBE e da Geffen
Com o K-pop crescendo de forma exponencial no mercado internacional, a HYBE — empresa responsável por grupos de enorme sucesso, como o BTS — enxergou uma oportunidade inédita: aplicar esse mesmo modelo de formação artística fora da Coreia do Sul. Em parceria com a Geffen Records, gravadora norte-americana que tem em seu catálogo nomes como Guns N’ Roses e Olivia Rodrigo, surgiu o projeto HxG.
Dessa colaboração nasceu o Dream Academy. Inicialmente divulgado como um espaço de treinamento para jovens mulheres de diferentes países, o projeto logo se transformou em algo maior: um reality show chamado The Debut: Dream Academy.
Vinte participantes foram selecionadas de várias partes do mundo e passaram meses se dedicando a treinos intensivos, missões e provas avaliadas por jurados e pelo público. A proposta era clara: apenas seis garotas teriam a chance de estrear em um grupo global, unindo a disciplina do K-pop ao frescor multicultural.
Katseye: a formação do grupo
Após muitas semanas de desafios e eliminações emocionantes, o sonho se concretizou para seis jovens artistas: Manon, Sophia, Daniela, Lara, Megan e Yoonchae. Juntas, elas deram origem ao Katseye, que rapidamente chamou a atenção do público não apenas por sua formação diversa, mas também pelo talento e pela química no palco.
O grupo estreou em 2024 com o single “Debut”, seguido por “Touch”, conquistando espaço imediato entre fãs de K-pop. No entanto, foi com o lançamento de “Gnarly” que o Katseye deu um salto em popularidade. A música, com ritmo incomum e refrão diferente do que se esperava, gerou estranheza nos primeiros ouvintes. Ainda assim, as integrantes conseguiram transformar as críticas em aplausos graças a uma performance poderosa, que revelou não apenas técnica vocal e de dança, mas também carisma e presença de palco. Em pouco tempo, a faixa estava subindo nos charts e se tornando viral no TikTok, especialmente entre o público ocidental.
Pouco depois, veio o álbum “Beautiful Chaos”, que mostrou ao mundo a versatilidade do grupo. Dentro dele, “Gabriela” ganhou destaque especial: foi a primeira faixa a incorporar trechos em espanhol, idioma materno da integrante Daniela. A canção não só firmou o Katseye como um fenômeno global, mas também mostrou a importância de abraçar as raízes culturais de suas membros, criando uma identidade única que foge ao padrão de grupos exclusivamente coreanos.
Conquistas e parcerias globais
O impacto do Katseye pode ser medido também por sua presença em grandes palcos. Em apenas um ano de carreira, o grupo já coleciona momentos memoráveis: uma apresentação elogiada no MAMA (Mnet Asian Music Awards), destaque no Lollapalooza Chicago e uma participação marcante no VMA’s (MTV Video Music Awards), onde conquistou seu primeiro prêmio com a música “Touch”.
E a trajetória segue em expansão: o grupo já está confirmado no Lollapalooza 2026 no Brasil, uma das maiores vitrines da música internacional na América Latina, onde deve se apresentar para um público massivo e consolidar ainda mais sua conexão com os fãs latino-americanos.
Além dos shows, as cantoras se consolidaram como ícones de tendências culturais e de mercado. O grupo participou de colaborações de grande alcance, como a regravação de “Fright Song” para a franquia Monster High e a campanha “Better in Denim” da GAP. Essa última chamou atenção não só pela escolha do tema, que dialogava com discussões recentes sobre publicidade de moda, mas também pela performance vibrante de “Milkshake”, que rapidamente se transformou em uma febre nas redes sociais, com milhares de fãs reproduzindo a coreografia.
O Katseye representa mais do que a aplicação bem-sucedida do modelo K-pop em outro contexto: ele é a prova de que a música pop está entrando em uma nova era de globalização. As integrantes, vindas de diferentes países e culturas, simbolizam uma proposta inovadora e inclusiva, que conecta públicos de várias partes do mundo.
Essa diversidade é um dos grandes trunfos do grupo. Cada membro leva consigo não apenas talento, mas também vivências culturais que enriquecem as produções e tornam o Katseye diferente de tudo o que já se viu na indústria. Ao abraçar línguas, estilos e identidades distintas, o grupo não só amplia seu alcance, mas também redefine o que significa ser um fenômeno global.
