A cena musical mineira é encantadora e faz parte da nossa história. Nomes icônicos como Skank, Milton Nascimento, Jota Quest, além de artistas do sertanejo, como a dupla Victor & Leo e Paula Fernandes. Das gerações mais atuais, Djonga, FBC e Marina Sena são representantes do cenário contemporâneo e tomaram conta do Brasil todo. Esse impacto e presença marca a importância do estado para a música brasileira, mostrando a trajetória e contribuições ao longo dos anos.
Em meio a esse cenário cada vez mais aquecido, surgem novos nomes e identidades, que trazem mais diversidade para o que vem sendo feito por lá. A MADM entrevistou Clara Bicho, uma artista da novíssima geração, que tem se destacado com seus singles e estilo autêntico.
Clara é artista musical e visual independente, e lançou seu primeiro single, “Tarde”, em outubro de 2023. Desde então, se destaca na cena autoral do país. Também em 2023 outras duas músicas foram lançadas: “Luzes da Cidade” e “Eu e a Lua”, esta última feita em colaboração com Linguini, DJ e produtor musical de Belo Horizonte. Em seu lançamento mais recente, “Cores da TV”, Clara traz a participação de Sophia Chablau, outro destaque do cenário independente.

Vem ler nossa entrevista, onde a artista conversou com a gente sobre futuro, expectativas e o lançamento de seu primeiro EP:
MADM: Se apresente para o nosso público. Pode contar um pouco de você, de onde é, de como começou a carreira.
Clara Bicho: Meu nome é Clara e eu sou de Belo Horizonte, Minas Gerais. Eu sou artista desde criança e me sinto assim desde então. Sempre me envolvi com diferentes formatos de arte, como a pintura, a música e a poesia… Aprendi a tocar instrumentos aos oito anos de idade, desde então não sei dissociar a arte de quem eu sou, é algo que me faz ser eu mesma. Minha carreira na arte se iniciou mais pela adolescência, quando comecei a me dedicar mais às artes visuais, participando de exposições na minha cidade. Quando eu fiquei um pouco mais velha, no meio da faculdade, foi que surgiu a ideia de que eu podia gravar minhas músicas. Acabei lançando o primeiro single, “Tarde”, no final de 2023. Eu e meu irmão, Gabriel, gravamos tudo de forma despretensiosa em casa (não temos estúdio, foi no computador com instrumentos ligados mesmo).
MADM: Como foi o seu processo de construção pessoal enquanto artista? A partir de quais aspectos se formou a Clara Bicho?
Clara Bicho: Meu processo de construção pessoal enquanto artista se dá de forma completamente natural e despretensiosa. Não penso que exista uma separação do meu “eu artista” de algum “outro eu”. A forma como eu me apresento enquanto artista é a forma como eu sou no dia a dia, a maneira como eu lido com o mundo está nas minhas letras e nas minhas melodias. A minha forma de, sei lá, me vestir, por exemplo, é a mesma o tempo todo. A parte visual do meu trabalho musical é centrada no meu próprio universo de arte visual. Enfim, acho que eu sou simplesmente eu mesma, não existe “a Clara Bicho”, só “a Clara”, sabe?
O nome veio de algumas coincidências legais. Quando eu estava no ensino médio e comecei a me dedicar mais à pintura, queria montar uma página na internet para colocar as artes. Mas não queria que tivesse um foco em mim como artista, que não tivesse uma pessoa, gênero ou idade. Aí pensei em “bicho”. Nessa época também estava ouvindo muito o álbum “Bicho” do Caetano Veloso, o que casou bem. Também coincidentemente, na minha família por parte do meu avô, tem um sobrenome que soa parecido com “Bicho”. Acabou tudo fazendo sentido por acaso.
MADM: Quais são as suas principais inspirações artísticas e musicais?
Clara Bicho: Wanda Pimentel, Manuel Bandeira, Ana Frango Elétrico, Clube da Esquina, Marcos Valle, Gilberto Gil.
MADM: Seu single mais recente, Cores da TV, é uma parceria com Sophia Chablau e vários músicos incríveis, incluindo seu irmão. Pode contar pra gente como foi o processo de produção dessa faixa?
Clara Bicho: Eu tinha algumas partes de Cores da TV guardadas, que eu tinha feito há alguns anos e nunca mais mexi. Em janeiro do ano passado, conheci a Sophia e ela me convidou para fazermos uma música juntas. Então eu resolvi mandar essas ideias para ela, ela mexeu na música, na letra e na estrutura. Mas não tínhamos nos conhecido pessoalmente ainda, esse processo de composição da música foi à distância. Depois, eu e Gabriel fomos em São Paulo gravar com o Dizzy, no estúdio Rockambole. Sophia estava doente e acabou que só nos conhecemos pessoalmente um pouco depois, em BH. Foi incrível trabalhar com todos os músicos envolvidos em Cores da TV. Sophia e Dizzy são muito queridos e nos demos bem.
MADM: O seu EP de estreia está em produção, pode contar um pouco do que você vem preparando para ele?
Clara Bicho: O EP, na verdade, está pronto e vai sair dia 5/5. Tem músicas de até uns três anos atrás. Acho que se parece com que eu venho lançando até agora, mas tem algumas coisas diferentes nas músicas inéditas. Todas são composições minhas, então é bem pessoal. Foi gravado com muito perrengue, de forma independente e por isso demorei um bocado. Fiz o que eu consegui fazer, mas ao mesmo tempo me dediquei muito. Acho que o pessoal que gosta das músicas que eu já lancei vai gostar do EP.
MADM: Por fim, deixe um recadinho seu para o público da MADM! <3
Clara Bicho: Espero que os leitores da MADM gostem do meu trabalho! Vou lançar um EP no dia 5/5 e depois começo as gravações de um álbum, com meu irmão Gabriel. Obrigada à equipe da MADM pelo espaço!