Não é de hoje que artistas são alvos em práticas de perseguição política e censura. Os casos mais conhecidos da nossa história são aqueles que aconteceram durante os anos de Ditadura Militar no país, entre os anos 1964-1985. No entanto, nos dias atuais acontecem episódios similares, de forma branda e a partir de técnicas como: derrubada de contas em redes sociais, videoclipes fora do ar, ou até mesmo, corte de som ou luz durante apresentações ao vivo, como aconteceu no início deste mês, em São Paulo.
Durante um evento organizado pela prefeitura de São Paulo no início do mês de julho, a Semana do Rock, a banda Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo teve sua apresentação encerrada 20 minutos antes do tempo previsto, de acordo com a empresária do grupo. Eles alegam terem sido censurados, quando tiveram o som interrompido e os telões apagados em um momento de declarações a favor da Palestina, no contexto do conflito em Gaza.

Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo afirma não ter interrompido o show, mas assumem que desligaram os telões e reduziram o som, porque as manifestações feriam cláusulas contratuais e continham ofensas contra terceiros. A banda, por sua vez, alega que o contrato não proibia manifestações. Fato é que, na ocasião, a banda apenas projetou mensagens pró-Palestina nos telões, além de comentarem a favor do fim da escala 6×1, assuntos em alta ultimamente e bastante reivindicados por setores progressistas.
Entre a disputa de narrativas, a pergunta que fica é: A quem interessa calar os artistas? Em um país democrático onde a liberdade de expressão é garantida por lei, quem incomoda ao projetar mensagens em um telão?
Casos como este acontecem com frequência, principalmente com artistas e bandas pequenos e independentes. São episódios que evidenciam o poder da arte em comunicar, passar mensagens, e mostrar como levantar bandeiras pode ser algo difícil e arriscado na sociedade em que vivemos. Por isso, devemos valorizar os artistas que se posicionam e defendem aquilo que acreditam, para que suas mensagens sejam fortificadas e ecoadas, e assim, se torna mais difícil silenciá-los.
Formada em 2021, a banda tem se destacado no cenário indie rock brasileiro. O grupo se apresentou na edição deste ano do Lollapalooza, em Interlagos, e já conta com dois álbuns lançados: “Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo” (2021) e “Música do Esquecimento” (2023). A vocalista Sophia também é conhecida por suas atuações em movimentos sociais, como as ocupações em escolas organizadas por movimentos secundaristas em 2016.