Das telenovelas ao reggaetón pop com Karol G e Tropicoqueta

Em 16 de junho, a colombiana Karol G lançou o trailer do seu quinto álbum – o Tropicoqueta – ambientado como um culebrón (uma forma de referir-se a uma narrativa longa e complexa, muitas vezes com muitos personagens e reviravoltas, com foco em relacionamentos e conflitos amorosos) recheado de muito drama, vingança, glamour e uma foto do Ricky Martin na parede, exatamente como as novelas mexicanas do SBT nos anos 90.

A artista que está reinventando o pop

Desde que Carolina Giraldo Navarro começou sua carreira, vem conquistando um espaço cada vez maior no cenário musical latino e global. Natural de Medellín, Colômbia, a cantora começou a dar seus primeiros passos no mundo da música ainda adolescente, participando do X Factor na Colômbia aos 14 anos. Seu verdadeiro boom veio em 2017, com o hit “Ahora Me Llama”, parceria com Bad Bunny, que rapidamente ultrapassou 1 bilhão de visualizações no YouTube e a colocou no radar internacional.

Nos últimos anos, a cantora teve um crescimento astronômico no cenário musical latino:

• Seu single de 2019, “Tusa”, em parceria com Nicki Minaj, acumulou mais de 1,6 bilhão de streams no Spotify;

• Em 2023, gravou em parceria com Shakira e “TQG” estreou em primeiro lugar na Billboard Global 200, somando mais de 150 milhões de streams na primeira semana;

• Seu álbum Mañana Será Bonito (2023) fez história ao ser o primeiro álbum em espanhol de uma mulher a estrear no topo da Billboard 200, mostrando a força e o alcance de seu trabalho (Billboard);

• Karol conta com cerca de 50 a 60 milhões de ouvintes mensais no Spotify e mais de 30 bilhões de streams acumulados, sendo uma das artistas latinas mais influentes da atualidade.

Tropicoqueta e a nostalgia como estratégia criativa

Tropicoqueta chegou com o pé na porta e no topo das paradas de álbuns latinos, tendo até experiência inédita lançada no Airbnb com a temática do álbum. Mas isso tudo não torna tudo isso menos nostálgico. O trailer do álbum reuniu divas como Anahí (Rebelde), Gaby Spanic (A Usurpadora) e Ninel Conde (Rebelde), evocando uma memória afetiva ao mesmo tempo em que reafirma a identidade latina no pop contemporâneo.

Mas também há todo o conceito de, segundo a própria cantora, resolver olhar profundamente para dentro de si, para as coisas que gosta e a representa, voltando às suas raízes, aos sons que cresceu ouvindo e que a fizeram se apaixonar pela música. O álbum não somente é uma representação de quem ela é, mas presta uma espécie de tributo a todos que a ajudaram a estar onde está.

Representatividade para as novas gerações

Karol G foi um gênio, fazendo o álbum virar quase um manifesto artístico, onde resgata o glamour, o drama, uma estética quente, sublime, solar. Traz elementos “sonhadores”, mas sem deixar de lado o empoderamento feminino e reafirmação cultural. Em Bandida Entrenada, por exemplo, a Bichota canta até em português e o visualizer fala por si só.

Essa fusão entre música urbana e cultura tradicional mostra uma dominância não só o som, mas também a narrativa da conexão de fãs de diferentes gerações. Além do mais, é uma das principais vozes femininas do reggaeton e do pop latino, gêneros tradicionalmente dominados, por homens.

Sua presença no topo das paradas tem aberto espaço para que mais mulheres latinas possam se posicionar com autenticidade e segurança. Sua música fala de amor, poder, vulnerabilidade e orgulho, ressoando especialmente com as gerações jovens que buscam referências reais.

Com o álbum, mostra que é possível unir passado e presente, tradição e inovação, para criar algo tão artístico e genuíno, que transcende a busca incessante unicamente por um hit. Mais uma vez, ela reafirma sua posição como uma das mulheres latinas mais relevantes da música moderna, pela capacidade de criar diálogos culturais e conexões profundas.

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